Sempre que planejamos uma viagem de trabalho à Noronha, eu e
minha sócia Carmen incluímos uma certa verba para deslocamento sabendo que,
mesmo com toda brodagem do povo da Ilha - que sempre oferece carona - os táxis tem um custo bem superior ao de
Recife considerando as pequenas distâncias e os ônibus só valem a pena se
estivermos passando por perto, já que o intervalo de meia hora entre um e outro
é um bocado para quem não está de férias por lá.
Em uma semana atendendo várias empresas sendo cada uma em um
extremo, então, a questão da mobilidade se torna estratégica. Isso para nós que
passamos pouco tempo, mas para o morador que precisa se deslocar todo dia e
para o turista a lazer que não está disposto a alugar buggy todo dia, o jeito
usar os modais disponíveis e caminhar ao máximo possível aproveitando aquele sol
de rachar maravilhoso Rssss
Foi assim que a gente sempre se virou por lá, mas nesta
última visita tivemos uma experiência um pouco diferente: alugamos duas
bicicletas e fizemos deste o nosso meio de transporte durante os últimos dois
dias ;) Haaaaaaa.... mas bike naquelas ladeiras, ninguém merece Tcharãnnnn: Bikes elétricas – três velocidades num
pitoquinho e seus problemas acabaram!!!
Chegamos a estação da #EcoNoronha no Projeto Tamar para
experimentar a danada e como disse Ana -a instrutora - “ela (a bike) tem vida própria”. Nos
orientou quanto ao manuseio e ofereceu o capacete que, como de costume, não aceitamos
#transgressãonaIlha :P
Ana instalando as baterias na possante ;) |
Ambientadas, seguimos pela pista até a Praia do Meio. Tudo
perfeito no asfalto, já na pista de barro, atenção redobrada por conta da trepidação.
A minha ideia era ligar a elétrica só
nas subidas e fiz isso por um tempo, mas senti os 25k a mais da bateria, além
do peso da mochila, e apelei para o motorzinho em alguns percursos planos também. Nem
por isso escapei do deslizamento das pedras e tombei quando voltava por trás do
Palácio. Mão roxa, pernas e pé arranhados... normal: levanta, respira e segue
;)
As bicicletas elétricas são parte das ações integradas ao Plano
Noronha Carbono Neutro, uma iniciativa do Governo do Estado em parceria com outras
entidades que tem como objetivo a neutralização dos GEEs gerados na Ilha. Apesar de terem chegado no arquipélago desde meados do ano
passado, muitas pessoas - inclusive ilhéus - não conheciam o sistema das bikes elétricas e
nos parava para perguntar: “funcionava
mesmo???” e "quanto custa?" (R$25,00 a diária para turista
e R$17,00 para morador).
O esquema deu tão certo que sugeri a Carmen o que ela jamais
faria em Recife: ir a balada de bike. E quem mais topou??? Rssss Já me
aventurei algumas poucas vezes a voltar sozinha das festinhas no pedal, mas
fazer isso sozinha na noite recifense é algo que uma moça em sã consciência deve
evitar. Ocorre que estávamos no paraíso e essa é uma das melhores coisas da
Ilha: liberdade para IR e VIR !!!
Voltar para casa pedalando altas horas, sem bafômetro, sem
trânsito, com vento fresco no rosto, em segurança e com um céu lindoooo (o meu é sempre
o mais lindo do mundo mesmo ;) é de fato
um privilégio que só teríamos em FN.
Sendo assim, saímos num breu da gota até a Praia do Cachorro improvisando a luminária da bike com a
lanterna dos celulares. Deixamos as bicis amarradas com um código “ultra-secreto” (0000
Rssss) e fomos ao reggae. Carmen voltou depois e recomendou cuidados com os insetos que entravam nos olhos.
Quis ficar... afinal não são todas as noites estreladas de
lua crescente que posso me dar ao luxo de pedalar como quem voa e sentir toda LIBERDADE
do mundo como o vento que rasgava no meu rosto... Sei lá que horas eu e a
minha Shineray voltamos contemplativamente até a Pousada com direito parada no Porto e pedalada pelo
deck (e atolamento entre as madeiras também) Rssss
No dia seguinte as reuniões de trabalho já tinham concluído e pudemos aproveitar
o dia. Pedalamos até duas últimas empresas
e seguimos às trilhas. Estava com nosso material de projeto na mochila e senti
falta de uma cestinha na bike para aliviar o peso, já que a trepidação não
segurava no bagageiro.
Começamos pela mais longa trilha da ilha, a do Capim Açu. É
claro que não ia dar tempo tendo em vista que o vôo saia logo a tarde.
Pedalamos até quase o ponto limite para bicicletas. A partir de então era proibido
seguir, mas mesmo que não fosse, de boa admito, guentava mais não :P
Muiiiita pedraaaa!!! Deixamos as bikes e seguimos a pé. Depois fomos à Cacimba
e praias seguintes naquele sobe e desce trepidante-te-te-te-te... nada que as
paisagens estonteantes não amenizassem.
Hora de devolver as bikes à EcoNoronha e a bateria ainda
estava a todo gás. Ana perguntou: "E aí...ela não tem vida própria??” rssss
Total !!! Mas tem que ser mesmo, se a ideia é disseminar a ciclocultura na
Ilha, alternativas aos automóveis precisam ser disponibilizadas.
Massss.... O ideal é pedalar sem consumir energia/bateria, né??? CLARO!!! Bicicletas disponibilizadas sem queima de combustíveis
fósseis??? SIMMMM!!! Contudo, todavia... enquanto o ideal dos ideais não
acontece (energia limpa nas bikes elétricas) ou uma super performance pedalística
(estilei alguns pontos até com a elétrica, num vou mentir...) continuarei
buscando o CAMINHO DO MEIO e achando essa iniciativa muito MASSA!!!
Adoramos a experiência. Mais uma inédita para nossas
aventuras na Ilha ;) Valeu Pablito!!!
Que o Plano Noronha Carbono
Neutro, cujo Inventário de GEEs foi apresentado na Semana do Clima PE, seja
implantado junto as várias ações/entidades a que estão interligadas (Promob, Pedala PE,
passeio ciclístico, oficinas etc); Que a ideia de ampliar a oferta de bikes elétricas
ou não, alugadas ou não se concretize; Que haja a minimização dos impactos
ambientais negativos com as novas usinas fotovoltaicas (10%da energia da ilha vindo
do sol em 2015) e redução da queima de combustíveis fósseis pelos autos ; Que a ciclovia seja implantada não só com vistas ao turista,
mas sobretudo como modal ao morador da Ilha; Que a cultura da bike tome conta de
Fernando de Noronha e, quem sabe um dia, seja o seu principal meio de transporte.
Simbora que quando voltarmos o desafio será subir o Morro do
Pico no Pedal. Topa?
Que experiência massa!!!!!
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