terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Pedalando em Fernando de Noronha

Sempre que planejamos uma viagem de trabalho à Noronha, eu e minha sócia Carmen incluímos uma certa verba para deslocamento sabendo que, mesmo com toda brodagem do povo da Ilha - que sempre oferece carona  - os táxis tem um custo bem superior ao de Recife considerando as pequenas distâncias e os ônibus só valem a pena se estivermos passando por perto, já que o intervalo de meia hora entre um e outro é um bocado para quem não está de férias por lá.

Em uma semana atendendo várias empresas sendo cada uma em um extremo, então, a questão da mobilidade se torna estratégica. Isso para nós que passamos pouco tempo, mas para o morador que precisa se deslocar todo dia e para o turista a lazer que não está disposto a alugar buggy todo dia, o jeito usar os modais disponíveis e caminhar ao máximo possível aproveitando aquele sol de rachar maravilhoso Rssss

Foi assim que a gente sempre se virou por lá, mas nesta última visita tivemos uma experiência um pouco diferente: alugamos duas bicicletas e fizemos deste o nosso meio de transporte durante os últimos dois dias ;) Haaaaaaa.... mas bike naquelas ladeiras, ninguém merece Tcharãnnnn:  Bikes elétricas – três velocidades num pitoquinho e seus problemas acabaram!!!

Chegamos a estação da #EcoNoronha no Projeto Tamar para experimentar a danada e como disse Ana -a instrutora - “ela (a bike) tem vida própria”. Nos orientou quanto ao manuseio e ofereceu o capacete que, como de costume, não aceitamos  #transgressãonaIlha :P
Ana instalando as baterias na possante ;)


Ambientadas, seguimos pela pista até a Praia do Meio. Tudo perfeito no asfalto, já na pista de barro, atenção redobrada por conta da trepidação.  A minha ideia era ligar a elétrica só nas subidas e fiz isso por um tempo, mas senti os 25k a mais da bateria, além do peso da mochila, e apelei para o motorzinho em alguns percursos planos também. Nem por isso escapei do deslizamento das pedras e tombei quando voltava por trás do Palácio. Mão roxa, pernas e pé arranhados... normal: levanta, respira e segue ;)


 


As bicicletas elétricas são parte das ações integradas ao Plano Noronha Carbono Neutro, uma iniciativa do Governo do Estado em parceria com outras entidades que tem como objetivo a neutralização dos GEEs gerados na Ilha.  Apesar de  terem chegado no arquipélago desde meados do ano passado, muitas pessoas - inclusive ilhéus -  não conheciam o sistema das bikes elétricas e nos parava para perguntar: “funcionava mesmo???”"quanto custa?" (R$25,00 a diária para turista e R$17,00 para morador).

O esquema deu tão certo que sugeri a Carmen o que ela jamais faria em Recife: ir a balada de bike. E quem mais topou??? Rssss Já me aventurei algumas poucas vezes a voltar sozinha das festinhas no pedal, mas fazer isso sozinha na noite recifense é algo que uma moça em sã consciência deve evitar. Ocorre que estávamos no paraíso e essa é uma das melhores coisas da Ilha: liberdade para IR e VIR !!!

Voltar para casa pedalando altas horas, sem bafômetro, sem trânsito, com vento fresco no rosto, em segurança e com um céu lindoooo (o meu é sempre o mais lindo do mundo mesmo ;)  é de fato um privilégio que só teríamos em FN.

Sendo assim, saímos num breu da gota até a Praia do Cachorro improvisando a luminária da bike com a lanterna dos celulares. Deixamos as bicis  amarradas com um código “ultra-secreto” (0000 Rssss) e fomos ao reggae. Carmen voltou depois  e recomendou cuidados com os insetos  que entravam nos olhos.

Quis ficar... afinal não são todas as noites estreladas de lua crescente que posso me dar ao luxo de pedalar como quem voa e sentir toda LIBERDADE do mundo como o vento que rasgava no meu rosto... Sei lá que horas eu e a minha Shineray voltamos contemplativamente até a Pousada com direito parada no Porto e pedalada pelo deck (e atolamento entre as madeiras também) Rssss

No dia seguinte as reuniões  de trabalho já tinham concluído e pudemos aproveitar o dia. Pedalamos até duas últimas empresas e seguimos às trilhas. Estava com nosso material de projeto na mochila e senti falta de uma cestinha na bike para aliviar o peso, já que a trepidação não segurava no bagageiro.  
Começamos pela mais longa trilha da ilha, a do Capim Açu. É claro que não ia dar tempo tendo em vista que o vôo saia logo a tarde. Pedalamos até quase o ponto limite para bicicletas. A partir de então era proibido seguir, mas mesmo que não fosse, de boa admito, guentava mais não :P Muiiiita pedraaaa!!! Deixamos as bikes e seguimos a pé. Depois fomos à Cacimba e praias seguintes naquele sobe e desce trepidante-te-te-te-te... nada que as paisagens estonteantes não amenizassem.



Hora de devolver as bikes à EcoNoronha e a bateria ainda estava a todo gás. Ana perguntou: "E aí...ela não tem vida própria??” rssss Total !!! Mas tem que ser mesmo, se a ideia é disseminar a ciclocultura na Ilha, alternativas aos automóveis precisam  ser disponibilizadas.

Massss.... O ideal é pedalar sem consumir energia/bateria, né???  CLARO!!!  Bicicletas disponibilizadas sem queima de combustíveis fósseis??? SIMMMM!!! Contudo, todavia... enquanto o ideal dos ideais não acontece (energia limpa nas bikes elétricas) ou uma super performance pedalística (estilei alguns pontos até com a elétrica, num vou mentir...) continuarei buscando o CAMINHO DO MEIO e achando essa iniciativa muito MASSA!!!

Adoramos a experiência. Mais uma inédita para nossas aventuras na Ilha ;)  Valeu Pablito!!!


Que o  Plano Noronha Carbono Neutro, cujo Inventário de GEEs foi apresentado na Semana do Clima PE, seja implantado junto as várias ações/entidades a que estão interligadas (Promob, Pedala PE, passeio ciclístico, oficinas  etc);  Que a ideia de ampliar a oferta de bikes elétricas ou não, alugadas ou não se concretize; Que haja a minimização dos impactos ambientais negativos com as novas usinas fotovoltaicas (10%da energia da ilha vindo do sol em 2015) e redução da queima de combustíveis fósseis pelos autos ; Que a ciclovia seja implantada não só com vistas ao turista, mas sobretudo como modal ao morador da Ilha; Que a cultura da bike tome conta de Fernando de Noronha e, quem sabe um dia, seja o seu principal meio de transporte.

Simbora que quando voltarmos o desafio será subir o Morro do Pico no Pedal. Topa?



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